Quem cuida de quem cuida ?
Você cuida de todo mundo, mas quem cuida de você?
MÃE NÃO CONVENCIONAL
Ser mãe atípica é assumir, muitas vezes sozinha, a responsabilidade total pela vida de uma criança que o mundo não sabe como acolher.
Você cuida do emocional, do físico, do pedagógico, do clínico e do burocrático.
Cuida da rotina, das crises, das terapias, dos laudos, das adaptações, dos julgamentos e de todos os efeitos colaterais que essa jornada impõe.
E faz isso diariamente, sem interrupção, sem folga, sem estrutura — enquanto escuta que você é forte, como se isso anulasse sua exaustão.
Essa força que as pessoas projetam em nós, na prática, só serve para esconder o abandono que sofremos.
Porque o que ninguém diz é que uma mãe que cuida de tudo sem receber cuidado algum está em risco.
Risco físico, emocional e psicológico.
O cansaço da mãe atípica não é preguiça. É sobrecarga contínua.
A ansiedade que ela sente não é desequilíbrio. É sobrevivência em tempo integral.
A raiva que às vezes explode não é falta de paciência. É acúmulo de dor, culpa e solidão.
A falta de memória, o cansaço no corpo, a falta de libido, o peso no peito e a vontade de sumir são sintomas reais de um corpo e uma mente que foram esticados até o limite.
E a pergunta que fica é: quem está olhando pra isso?
A verdade é que quase ninguém.
Porque o foco está sempre na criança.
A escola fala do comportamento.
O médico foca no laudo.
A sociedade espera que a mãe resolva.
E a mulher por trás de tudo isso vai se apagando.
Vai adoecendo em silêncio.
Vai desaparecendo no meio das exigências.
É por isso que hoje, mais do que nunca, é necessário afirmar:
quem cuida também precisa ser cuidado.
E esse cuidado não é só descanso.
É validação.
É espaço de fala.
É rede de apoio funcional.
É acesso à terapia.
É saúde mental garantida.
É acolhimento sem julgamento.
É entender que essa mulher que sustenta tudo precisa ser sustentada também.
Eu escrevo porque cansei de ver mães quebrando em silêncio.
Cansei de ver mulheres adoecendo enquanto eram chamadas de guerreiras.
E porque sei, por experiência própria, que enquanto a sociedade seguir exigindo tudo de uma mãe sem entregar nada em troca, o colapso vai continuar sendo regra.
Se você é essa mãe que está cansada de ser vista apenas como função, saiba:
Você tem direito ao cuidado.
Você tem direito ao cansaço.
Você tem direito à sua identidade, à sua história e ao seu próprio corpo.
E esse direito não depende da aprovação de ninguém.
📘 Essa crônica faz parte do que eu conto no livro
MÃE ATÍPICA — Quem cuida de quem cuida?
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