SER MÃE NEURODIVERGENTE E ATÍPICA: QUANDO O CUIDADO EXIGE O DOBRO DE FORÇA
MÃE NÃO CONVENCIONAL
A maioria das pessoas ainda acha que quem cuida está sempre bem. Que quem acolhe tem estabilidade emocional, que quem carrega a casa nas costas também dá conta da própria saúde mental. Mas a realidade é outra — e ninguém conta isso.
Ser mãe já é uma função que exige tudo. Agora, ser mãe neurodivergente, que carrega transtornos como bipolaridade, depressão, ansiedade, TDAH ou mesmo está dentro do espectro autista, enquanto cuida de um filho com deficiência, não é tarefa. É sobrevivência. É autoatendimento em estado de alerta. É o peso de manter a estrutura em pé, mesmo quando tudo dentro de você está ruindo.
Essa mulher existe. Ela sente. Ela falha. Ela tem crises. E ela não pode parar.
A mãe bipolar que acorda no extremo — e ainda assim prepara café, resolve boletos, enfrenta o médico.
A mãe com TDAH que vive na bagunça mental, mas organiza toda a agenda terapêutica do filho.
A mãe ansiosa que luta contra pensamentos catastróficos, mas veste coragem todos os dias.
A mãe com burnout que está no limite, mas continua se culpando por não ser suficiente.
A mãe autista que vive o caos sensorial e ainda assim cria um ambiente regulador para a criança.
Essas mulheres existem. E são muitas.
Não é romantismo. É constatação. A sociedade cobra que elas sejam fortes, mas não oferece suporte. Não acolhe. Não entende que há um esforço triplo em existir, em cuidar, em manter o básico funcionando. A sobrecarga não é só prática — é também neurológica, emocional, química.
E o pior é que, muitas vezes, essas mães se silenciam. Por medo do julgamento. Por vergonha de admitir que não estão bem. Porque ouviram a vida toda que tinham que aguentar.
Só que chega uma hora que o corpo trava. A mente desaba. E se essa mulher não for cuidada, ela quebra.
Não existe cuidado possível se quem cuida estiver desamparado.
Por isso, falar sobre isso é urgente. Não para vitimizar, mas para visibilizar. Para lembrar que cuidar de uma criança com deficiência é trabalho em tempo integral. E que fazer isso com uma mente que já carrega seus próprios desafios exige força que ninguém deveria precisar ter sozinha.
Não basta dar diagnóstico ao filho. É preciso olhar para a saúde mental da mãe também.
Não basta reconhecer o TDAH ou a bipolaridade da mulher. É preciso entender que ela não pode cuidar sem ser cuidada.
Não basta chamá-la de guerreira. É preciso criar rede. Criar suporte. Criar políticas públicas.
Porque mães neurodivergentes existem. E estão adoecendo em silêncio.
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